Ainda não há muito tempo que ouvi uma senhora na frutaria do meu prédio a discutir com o funcionário que a atendia porque este a ofendeu perguntando se ela queria da fruta melhor ou da mais barata. A dita senhora achou um ultraje estar numa frutaria em plena Avenida de Roma e ser suspeita de não ter dinheiro para comprar a fruta mais cara, pelo que respondeu que obviamente queria da mais cara (que efectivamente não era a melhor, sendo esta mais uma forma de se ver a estupidez da dita senhora, como se a atitude só por si não bastasse).
Nesta mesma fatia do mundo, há cerca de um ano uma pessoa minha amiga abandonou o seu carro à porta do meu prédio porque não tinha dinheiro para o manter (selo, inspecções, revisões, etc.). O carro sofreu a degradação que se espera em tais condições. Lendo tudo isto pareceria que este contraste só por si justificaria o meu poste e o seu título. Pois que não! O que motivou tudo isto foi uma descoberta recente. O carro em questão, um espaçoso Fiat Panda sem vidros, serve actualmente de casa a um rapaz brasileiro. Pior que isso, não é um indigente nem um marginal, mas antes um empregado de mesa de um dos cafés finos e conhecidos da Av. João XXI.
Não quero realmente chegar a lado nenhum com estas observações, pelo menos não mais longe do que a reacção que a maioria das pessoas terá ao ouvir estas histórias contadas em seqência, mas não há dúvida que às vezes faz falta olharmos em volta e pormos as nossas preocupações diárias em perspectiva...
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