domingo, setembro 30, 2007

1001 Vozes (de burro...)

Decorreu hoje no CCB a grande festa das escolas de música, iniciativa do Ministério da Educação.
Eram certamente mais de 1001 vozes no CCB e a iniciativa teve os problemas de organização comuns a eventos deste género.
Pela minha parte participei com os coros do Instituto Gregoriano, tendo dirigido o Coro de Câmara na Ave Maria de Morten Lauridsen e no Hino a Sta. Cecília de Benjamin Britten.
Terminado o concerto e passado o stress e a responsabilidade de representar a escola, sobretudo no actual contexto político pergunto-me só se se conseguiu mostrar o que se pretendia. A partir do momento em que tínhamos o grande auditório do CCB cheio com alunos de escolas que não se conseguiam conter em nenhum momento das actuações para parar de gritar a plenos pulmões, competindo directamente com os músicos em palco, quando a vontade de continuar com o zapping era tal que não só batiam palmas entre andamentos como não se apercebiam que a música ainda continuava até esta estar a decorrer há alguns compassos (ou até alguém fazer um gesto vigoroso ou dar um grito do palco), teremos realmente feito alguma coisa pelo ensino da música em Portugal muito diferente de pô-lo numa vitrine como exemplo de espécie moribunda heroicamente defendida pelo Governo?
Se a aposta não for também na educação do público, passando pela preparação devida para o tipo de evento por parte dos educadores, se não conseguirmos fazer os pais dos alunos que actuam entender que aquela é uma ocasião na qual devem apreciar o todo musical que está a ser construido e não levar a família toda para filmar o "sarau" enquanto os bebés gritam no público, se não conseguirmos transmitir de alguma forma a solenidade associada a qualquer evento artístico, estaremos a ser parte do problema ou da solução?
Não será a próxima mostra das escolas de música mais adequada para o Museu Nacional de Arte (bem) Antiga?...

quinta-feira, setembro 20, 2007

Ode to Napoleon Buonaparte




















I



'TIS done -- but yesterday a King!
And arm'd with Kings to strive --
And now thou art a nameless thing:
So abject -- yet alive!
Is this the man of thousand thrones,
Who strew'd our earth with hostile bones,
And can he thus survive?
Since he, miscall'd the Morning Star,
Nor man nor fiend hath fallen so far.



II



Ill-minded man! why scourge thy kind
Who bow'd so low the knee?
By gazing on thyself grown blind,
Thou taught'st the rest to see.
With might unquestion'd, -- power to save, --
Thine only gift hath been the grave,
To those that worshipp'd thee;
Nor till thy fall could mortals guess
Ambition's less than littleness!



III



Thanks for that lesson -- It will teach
To after-warriors more,
Than high Philosophy can preach,
And vainly preach'd before.
That spell upon the minds of men
Breaks never to unite again,
That led them to adore
Those Pagod things of sabre sway
With fronts of brass, and feet of clay.



IV



The triumph and the vanity,
The rapture of the strife --
The earthquake voice of Victory,
To thee the breath of life;
The sword, the sceptre, and that sway
Which man seem'd made but to obey,
Wherewith renown was rife --
All quell'd! -- Dark Spirit! what must be
The madness of thy memory!



V



The Desolator desolate!
The Victor overthrown!
The Arbiter of others' fate
A Suppliant for his own!
Is it some yet imperial hope
That with such change can calmly cope?
Or dread of death alone?
To die a prince -- or live a slave --
Thy choice is most ignobly brave!



VI



He who of old would rend the oak,
Dream'd not of the rebound:
Chain'd by the trunk he vainly broke --
Alone -- how look'd he round?
Thou, in the sternness of thy strength,
An equal deed hast done at length,
And darker fate hast found:
He fell, the forest prowler's prey;
But thou must eat thy heart away!



VII



The Roman, when his burning heart
Was slaked with blood of Rome,
Threw down the dagger -- dared depart,
In savage grandeur, home --
He dared depart in utter scorn
Of men that such a yoke had borne,
Yet left him such a doom!
His only glory was that hour
Of self-upheld abandon'd power.



VIII



The Spaniard, when the lust of sway
Had lost its quickening spell,
Cast crowns for rosaries away,
An empire for a cell;
A strict accountant of his beads,
A subtle disputant on creeds,
His dotage trifled well:
Yet better had he neither known
A bigot's shrine, nor despot's throne.



IX



But thou -- from thy reluctant hand
The thunderbolt is wrung --
Too late thou leav'st the high command
To which thy weakness clung;
All Evil Spirit as thou art,
It is enough to grieve the heart
To see thine own unstrung;
To think that God's fair world hath been
The footstool of a thing so mean;



X



And Earth hath spilt her blood for him,
Who thus can hoard his own!
And Monarchs bow'd the trembling limb,
And thank'd him for a throne!
Fair Freedom! we may hold thee dear,
When thus thy mightiest foes their fear
In humblest guise have shown.
Oh! ne'er may tyrant leave behind
A brighter name to lure mankind!



XI



Thine evil deeds are writ in gore,
Nor written thus in vain --
Thy triumphs tell of fame no more,
Or deepen every stain:
If thou hadst died as honour dies,
Some new Napoleon might arise,
To shame the world again --
But who would soar the solar height,
To set in such a starless night?



XII



Weigh'd in the balance, hero dust
Is vile as vulgar clay;
Thy scales, Mortality! are just
To all that pass away:
But yet methought the living great
Some higher sparks should animate,
To dazzle and dismay:
Nor deem'd Contempt could thus make mirth
Of these, the Conquerors of the earth.



XIII



And she, proud Austria's mournful flower,
Thy still imperial bride;
How bears her breast the torturing hour?
Still clings she to thy side?
Must she too bend, must she too share
Thy late repentance, long despair,
Thou throneless Homicide?
If still she loves thee, hoard that gem, --
'Tis worth thy vanish'd diadem!



XIV



Then haste thee to thy sullen Isle,
And gaze upon the sea;
That element may meet thy smile --
It ne'er was ruled by thee!
Or trace with thine all idle hand
In loitering mood upon the sand
That Earth is now as free!
That Corinth's pedagogue hath now
Transferr'd his by-word to thy brow.



XV



Thou Timour! in his captive's cage
What thought will there be thine,
While brooding in thy prison'd rage?
But one -- "The word was mine!"
Unless, like he of Babylon,
All sense is with thy sceptre gone,
Life will not long confine
That spirit pour'd so widely forth--
So long obey'd -- so little worth!



XVI



Or, like the thief of fire from heaven,
Wilt thou withstand the shock?
And share with him, the unforgiven,
His vulture and his rock!
Foredoom'd by God -- by man accurst,
And that last act, though not thy worst,
The very Fiend's arch mock;
He in his fall preserved his pride,
And, if a mortal, had as proudly died!



XVII



There was a day -- there was an hour,
While earth was Gaul's -- Gaul thine --
When that immeasurable power
Unsated to resign
Had been an act of purer fame
Than gathers round Marengo's name,
And gilded thy decline,
Through the long twilight of all time,
Despite some passing clouds of crime.



XVIII



But thou forsooth must be a king,
And don the purple vest,
As if that foolish robe could wring
Remembrance from thy breast.
Where is that faded garment? where
The gewgaws thou wert fond to wear,
The star, the string, the crest?
Vain froward child of empire! say,
Are all thy playthings snatched away?



XIX



Where may the wearied eye repose
When gazing on the Great;
Where neither guilty glory glows,
Nor despicable state?
Yes --one--the first--the last--the best--
The Cincinnatus of the West,
Whom envy dared not hate,
Bequeath'd the name of Washington,
To make man blush there was but one!


Lord Byron

Expresso do Oriente

No próximo Sábado, dia 22, às 21.30 na Culturgest vou apresentar-me em conjunto com a Orchestrutopica no concerto de abertura do Festival Expresso do Oriente.
O festival centra-se no tema Os Filhos de Abraão e apresenta, por isso mesmo obras ligadas às culturas judaica, cristã e muçulmana.
Pela parte que me toca vou apresentar a estreia da obra Trisagion de Ivan Moody, uma belíssima oração em grego e a Ode to Napoleon Buonaparte de Arnold Schönberg, um tour de force que me está a dar água pela barba, com um longuíssimo texto de Byron feito inteiramente em sprechgesang.
O trabalho ainda hoje começou, mas posso dizer que a Orchestrutopica continua a fazer o trabalho notável a que já nos habituou e que o maestro Tapio Tuomela está a tornar um programa verdadeiramente desafiante num prazer.
O restante do programa contém obras de Eurico Carrapatoso, Luís Tinoco, Ahmed Essyad e Saed Haddad. Para mais pormenores basta seguir o linque.
Espero ver porlá caras conhecidas a dar o apoio tão necessário.

terça-feira, setembro 18, 2007

Elevador da Glória


Voltou hoje a funcionar o meu querido Elevador da Glória, monumento nacional desde 2002 (se não me falha a memória).
Só de me lembrar das manhãs de pesadelo, antes de haver Metro no Chiado, quando o elevador estava em reparos (sempre no Inverno) e que para chegar ao Conservatório tinha que se subir a Calçada da Glória a pé. Muitas foram as vezes que desisti antes de lá chegar e optei por um dos cafés no caminho.
Lembro-me de em pequeno subir a calçada de elevador com o meu pai e voltar depois do Bairro Alto, à noite, e descer a pé, enquanto os turistas esperavam pela próxima partida.
Enfim, é bom saber que algumas coisas continuam a existir.

Tosca

Ainda no mesmo tema, vale a pena ver um dos poucos registos em vídeo de Maria Callas num dos seus grandes papéis, como Tosca ao lado de Tito Gobbi no palco de Covent Garden em 1964.

Para aqueles que só conhecem a voz adulterada de fim de carreira vale a pena ver a intensidade dramática que a tornou uma lenda.

La Divina


Fez no Domingo, dia 16, 30 anos que morreu Maria Callas.
É verdade que o dinheiro e a fama não dão felicidade e a sua vida, tão semelhante à das heroinas que interpretou em palco bem o mostra. Ainda assim todos os cantores seguem a diva como um exemplo em algum nível.
De saloia no seu melhor fato domingueiro, como descrita pela neta de Puccini, até ser considerada a mulher mais elegante do mundo a Callas foi de tudo um pouco e 30 anos depois mantém-se digna do epíteto que conquistou, La Divina.





segunda-feira, setembro 17, 2007

Emmys 2007

Pois é, chegou novamente a altura. Esta noite foi a entrega dos Emmys de 2007. Seguindo o exemplo dos Oscares não houve nenhum vencedor claro e os prémios (e nomeações) foram distribuidos pelas principais séries do momento. A lista dos vencedores está aqui e fica também a paródia feita por Conan O'Brien no ano passado com algumas das séries que se mantiveram no top este ano.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Orphée


Na próxima sexta-feira, dia 14 pelas 21.00 vamos apresentar em Espinho a ópera La Déscente d'Orphée aux Enfers de Marc Antoine Charpentier.
Vou retomar os papeis de Apollon e Titie, sendo acompanhado novamente pela Raquel Alão como Euridice, Luisa Tavares como Proserpine, Carlos Pedro Santos como Pluton, João Moreira como Ixion e João Rodrigues como Tantale. Juntam-se a nós desta vez a Elsa Cortez como Enone e o Manuel Brás da Costa como Orphée.
Aparte instrumental está a cargo do Ensemble La Nave Va, dirigido por António Carrilho.
Espero encontrar por lá alguns amigos da zona Norte do país!

quinta-feira, setembro 06, 2007

Luciano Pavarotti

A cena lírica ficou hoje mais pobre com a morte do tenor Luciano Pavarotti aos 71 anos. Um dos grandes responsáveis pela popularização da ópera, sendo para muitos o seu rosto mais reconhecível, graças a projectos como Pavarotti and Friends e os concertos dos três tenores, foi talvez o último e o mais popular dos grandes tenores do sec. XX, um século marcado no início pela figura comparável de Enrico Caruso.
Que melhor maneira de lembrá-lo que através das suas próprias palavras: Penso che una vita per la musica sia una vita spesa bene, ed è a questo che mi sono dedicato. Sigamos o exemplo e aspiremos a chegar o mais perto possível...

terça-feira, setembro 04, 2007

Bolota

Agora que já passaram duas semanas já consigo estar um pouco mais distante do acontecimento e explicar a minha ausência prolongada, dizendo a todos os meus leitores e amigos que a minha Bolota perdeu a sua batalha com o cancro.
A idade avançada de 16 anos impediu a possibilidade de nova operação e para impedir mais sofrimento decidimos em conjunto com o médico ajudá-la a seguir em frente, já que, fiel a si própria, lutou até ao fim das suas forças.
Ficam as recordações destes 16 anos...