Eram certamente mais de 1001 vozes no CCB e a iniciativa teve os problemas de organização comuns a eventos deste género.
Pela minha parte participei com os coros do Instituto Gregoriano, tendo dirigido o Coro de Câmara na Ave Maria de Morten Lauridsen e no Hino a Sta. Cecília de Benjamin Britten.
Terminado o concerto e passado o stress e a responsabilidade de representar a escola, sobretudo no actual contexto político pergunto-me só se se conseguiu mostrar o que se pretendia. A partir do momento em que tínhamos o grande auditório do CCB cheio com alunos de escolas que não se conseguiam conter em nenhum momento das actuações para parar de gritar a plenos pulmões, competindo directamente com os músicos em palco, quando a vontade de continuar com o zapping era tal que não só batiam palmas entre andamentos como não se apercebiam que a música ainda continuava até esta estar a decorrer há alguns compassos (ou até alguém fazer um gesto vigoroso ou dar um grito do palco), teremos realmente feito alguma coisa pelo ensino da música em Portugal muito diferente de pô-lo numa vitrine como exemplo de espécie moribunda heroicamente defendida pelo Governo?
Se a aposta não for também na educação do público, passando pela preparação devida para o tipo de evento por parte dos educadores, se não conseguirmos fazer os pais dos alunos que actuam entender que aquela é uma ocasião na qual devem apreciar o todo musical que está a ser construido e não levar a família toda para filmar o "sarau" enquanto os bebés gritam no público, se não conseguirmos transmitir de alguma forma a solenidade associada a qualquer evento artístico, estaremos a ser parte do problema ou da solução?
Não será a próxima mostra das escolas de música mais adequada para o Museu Nacional de Arte (bem) Antiga?...
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