sábado, fevereiro 16, 2008

Acordai!






Num emocional encontro em frente à Assembleia da República juntaram-se hoje centenas de vozes chamando a atenção para o momento de angústia que vivem os músicos portugueses perante algumas das possibilidades que se anunciam na reforma do ensino artístico especializado.
Mais do que uma manifestação de alunos e professores desta ou daquela escola tratou-se de um encontro de amigos com paixões e preocupações em comum. Independentemente do efeito que as medidas possam ter na vida de cada um de nós a nível individual, foi a preocupação pelo futuro da música e dos músicos do nosso país que nos moveu.
Para todos os presentes foi comovente ver uma manifestação pública tão ordeira, tão civilizada, mas ao mesmo tempo tão apaixonada. Mexeu com todos nós a forma como tão espontaneamente irrompeu a música pelo meio de todos para interpretar o Acordai! de Lopes-Graça, o Hino Nacional ou a Grândola, vila morena, iniciada por uma improvisação a quatro mãos por parte do maestro Vitorino de Almeida e do Mário Laginha. Teve, sem dúvida, impacto ouvir a Ana Paula Russo a cantar a cavatina de Rosina do Barbeiro de Sevilha de Rossini, dizendo Io sono docile, son rispettosa, mi lascio regere, mi fo guidar. Ma se mi toccano, sar una vipera sarò! Todos sentimos o mesmo e temos esperança que nos tenham ouvido: somos doceis e obedientes, deixamo-nos conduzir e guiar. Mas se nos incomodam sabemos ser verdadeiras víboras. Esperemos que a nossa morededura seja sentida!

Sem comentários: