Acho que precisei de uma semana inteira para recuperar do gigantesco sapo que engoli ao participar mais uma vez no CCB na iniciativa 1001 Músicos do Ministério da Educação. Não me vou alongar sobre o assunto, mas sempre me disseram que quanto mais nos baixamos mais mostramos o traseiro. Deve ser por isso que tenho esta sensação de vítima de abuso, que depois de ser maltratada se dá ao trabalho de tapar as nódoas negras com base e dizer que foi de encontro a uma porta. É isso que as escolas de música estão a fazer ao participar desta iniciativa.
Cortem os subsídios. Baixem os vencimentos. Aumentem os horários dos professores. Ameacem com o fim do ensino artístico. Mudem os curricula e cargas horárias e criem exigências absurdas para permitir a frequência das escolas, fazendo com que cada vez haja menos alunos. Obriguem os professores a dispersar-se por várias escolas acabando com a unidade do corpo docente para suprir a lacuna de um ensino genérico de música para o qual não há dinheiro nem vontade política. Nós o que fazemos? Pomos base e óculos escuros e pedimos desculpa por sermos tão desastrados e irmos contra as portas. Pobrezinhos mas honrados! Tiram-nos tudo, mas ainda vamos fazer bonitos para o CCB e mostrar que está tudo bem.
Pergunto eu agora, de quem é verdadeiramente a culpa?
Pergunto eu agora, de quem é verdadeiramente a culpa?
2 comentários:
Finalmente vejo alguém que pensa exactamente como eu em relação a esta iniciativa. Quanto a mim foi uma oportunidade perdida para mostrarmos o nosso sentimento sobre a actual situação.
Felizmente para mim que não estive ligado de forma nenhuma à edição deste ano.
Eu cheguei a sugerir que fôssemos para palco e fizéssemos o tempo de actuação em silêncio como forma de protesto, mas ninguém concordou comigo. O problema é que toda a gente se queixa mas na hora de fazer alguma coisa aparecem os medos.
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