domingo, novembro 07, 2010

Almada velha

 Após três passagens por Almada Velha no mês passado não pude deixar de partilhar estas belas fotos

quinta-feira, novembro 04, 2010

Frase do dia

Never explain–your friends do not need it and your enemies will not believe you anyway.
Elbert Hubbard

quarta-feira, novembro 03, 2010

Coro Gregoriano em S. Roque

Para completar um fim-de-semana trabalhoso, no dia seguinte, Domingo dia 7, estarei com o Coro Gregoriano de Lisboa na Igreja do Instituto de S. Pedro de Alcântara para um concerto com o Coro Gregoriano de Lisboa. circunstâncias de saúde fazem com que seja eu o único solista, o que significa que vai mesmo ser muito trabalho!
Para quem quiser saber mais pormenores sobe este e outros concertos do Festival Música em S. Roque fica aqui o programa completo e aqui o site oficial. 
Até lá!

terça-feira, novembro 02, 2010

Missa Nelson

No próximo fim-de-semana inicia-se mais um festival Música em São Roque, um dos mais antigos festivais de música da região da grande Lisboa. Uma vez mais vou ter o privilégio de participar em vários concertos, começando já no Sábado dia 6 com o concerto de abertura. Estarei em duplas funções, como Barítono solista e maestro do coro na maravilhosa Missa Nelson de F. J. Haydn. Comigo estará a Orquestra Sinfónica Juvenil e o Coro de Câmara do Instituto Gregoriano de Lisboa, o Soprano Elsa Cortez, Mezzo Laryssa Savchenko e Tenor João Queirós, todos sob a direcção do Maestro Christopher Bochmann.
Após uns 25 anos de colaborações com a OSJ e o Maestro Bochmann é um grande prazer para mim poder participar neste concerto que se antecipa em apenas dois dias ao seu 60º aniversário e aos seus 30 anos de trabalho em Portugal. Espero que muitos apreciadores de música se desloquem a S. Roque no Sábado para homenagear esta grande figura do nosso país!

domingo, outubro 24, 2010

Gregoriano em Almada

É já esta tarde que vou estar de regresso à bela igreja de Santiago em Almada, menos de um mês depois da última visita. Desta feita o concerto é com o Coro Gregoriano de Lisboa em início de temporada. Para os interessados da margem sul o concerto é às 16.00.
Até la!

sexta-feira, outubro 22, 2010

Frase do dia

I'm beautiful in my way, 'cause God makes no mistakes. I'm on the right track, baby. I was Born This Way.
Lady Gaga

domingo, outubro 17, 2010

1001 quê?...

Acho que precisei de uma semana inteira para recuperar do gigantesco sapo que engoli ao participar mais uma vez no CCB na iniciativa 1001 Músicos do Ministério da Educação. Não me vou alongar sobre o assunto, mas sempre me disseram que quanto mais nos baixamos mais mostramos o traseiro. Deve ser por isso que tenho esta sensação de vítima de abuso, que depois de ser maltratada se dá ao trabalho de tapar as nódoas negras com base e dizer que foi de encontro a uma porta. É isso que as escolas de música estão a fazer ao participar desta iniciativa. 
Cortem os subsídios. Baixem os vencimentos. Aumentem os horários dos professores. Ameacem com o fim do ensino artístico. Mudem os curricula e cargas horárias e criem exigências absurdas para permitir a frequência das escolas, fazendo com que cada vez haja menos alunos.  Obriguem os professores a dispersar-se por várias escolas acabando com a unidade do corpo docente para suprir a lacuna de um ensino genérico de música para o qual não há dinheiro nem vontade política. Nós o que fazemos? Pomos base e óculos escuros e pedimos desculpa por sermos tão desastrados e irmos contra as portas. Pobrezinhos mas honrados! Tiram-nos tudo, mas ainda vamos fazer bonitos para o CCB e mostrar que está tudo bem.
Pergunto eu agora, de quem é verdadeiramente a culpa?

Concerto Solidário em S. Roque

Aqui fica para partilhar convosco uma foto do concerto do passado fim-de-semana na Igreja de S. Roque. Se por um lado ainda faltam umas semanas para a temporada deste ano, por outro não faltam razões para voltar a esta casa que me acolhe sempre tão bem. 
Em Novembro há mais...

quinta-feira, outubro 07, 2010

Concerto Solidário


No próximo dia 8 de Outubro, Sexta feira, pelas 21h00, irá realizar-se na Igreja de São Roque um Concerto Solidário no âmbito do Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social, no qual participarei com o Coro Gregoriano do Instituto Gregoriano de Lisboa.
Os interessados oderão adquirir o seu bilhete em:

Fim de semana em grande

A semana passada foi de tal forma agitada por vários motivos, tanto agradáveis como nem por isso, que não tive hipótese de actualizar o belogue e convidar-vos a estar presentes nos concertos do passado fim-de semana. Resta-me esperar que a barra lateral com a agenda tenha sido suficiente.
Deixo-vos com fotos da missa cantada em que participei com o Grupo Vocal Olisipo e o organista Gerhard Doderer, na qual cantámos a Missa a 8 vozer de Rodrigues Esteves.. 
Tendo corrido muito bem musicalmente, a melhor parte foi, no entanto a experiência humana, com um grupo fantástico no qualnão posso deixar de realçar o reencontro do GVO com o seu Baixo de tantos anos, Hugo Oliveira, um grande amigo para além de um grande cantor.
À falta de um bom concerto tivemos dois, já que no dia seguinte estivemos em Évora para um concerto nas XIII Jornadas Internacionais de Música da Sé de Évora. Apesar da pena que tenho de não ter estado este ano a participar nas Jornadas foi um prazer poder dar um concerto para um público tão especial e reencontrar vários bons amigos. A sensação especial de poder cantar música dos mestres de Évora no local por onde eles próprios passaram é  algo que não desaparece por mais anos que passem. Neste caso, sendo a obra o Requiem a 8 vozes de Duarte Lobo, uma das obras que primeiro despertou o meu interesse por este tipo de música e, sem dúvida, uma das mais belas obras do género, foi a cereja no topo do bolo. 

domingo, setembro 26, 2010

Cantatas de Bach

Terminada que está uma semana (atribulada) de ensaios, foi hoje o concerto inaugural do festival Os Sons de Almada Velha, no qual interpretámos as Cantatas BWV 138 e 161 de J. S. Bach.
Como se pode ver pelos sorrisos na foto, o concerto correu muitíssimo bem, com uma excelente primeira parte feita pelo Coro Polifónico de Almada.
Não há imprevistos que não se resolvam quando se trabalha com bons músicos e sobretudo com boas pessoas. Fica para todos nós o saldo positivo de fazer música fantástica com bons amigos. Mal posso esperar pelo próximo!

sexta-feira, setembro 24, 2010

Os Sons de Almada Velha

É já neste Sábado que se inicia um novo festival de música na área da grande Lisboa, com o qual terei o prazer de colaborar. O festival foi sonhado e organizado pelas minhas queridas amigas Jenny Silvestre e Suzana Batoca que têm dedicado muitos meses de trabalho à árdua tarefa de construir do zero uma estrutura bastante ambiciosa, sobretudo nestes tempos de crise económica.
O festival "Os sons de Almada velha" insere-se no projecto de Dinamização Sócio-Cultural de Almada Velha e será, nesta primeira edição, dedicado à música sacra, contando com seis concertos. Para quem quiser consultar o (lindíssimo) programa completo, aqui está.
Assim, neste Sábado pelas 19.00 estarei na Igreja de Santiago em Almada em conjunto com o Grupo Vocal Olisipo, o Quarteto Arabesco, o contrabaixista Duncan Fox, o organista Rui Paiva, os flautistas António Carrilho e Suzana Batoca, os oboistas Pedro Castro e Andreia Carvalho e o fagotista José Gomes para apresentarmos as Cantatas BWV 138 e 161 de Johann Sebastian Bach.
Com música tão fantástica feita por um grupo de óptimos profissionais e pessoas fantásticas o resultado espera-se de alto nível (if I can say so myself). 
Para quem quiser passear por Almada num Sábado de início de Outono será um belo programa de fim de tarde.

terça-feira, setembro 14, 2010

Foz do Douro

Inícios e fins...


O início de temporada foi ao mesmo tempo intenso e discreto, com a participação em duas missas, uma de casamento e uma de 7º dia. Felizmente só a primeira foi de uma pessoa amiga e a participação foi um óptimo pretexto para poder visitar o Porto, cidade de que tanto gosto e que não visitava há bastante tempo.
Foi sem qualquer dúvida a cerimónia de casamento mais bonita e memorável em que alguma vez estive e é um bom augúrio para um futuro longo e feliz para os noivos.
Para mim foi mais uma Missa da Coroação, mas uma que vai ficar gravada na memória por muitos anos. 

segunda-feira, agosto 09, 2010

Fire with fire

You can see that you're being surrounded
From every direction
And love was just something you found
To add to your collection
It used to seem we were number one
But now it sounds so far away
I had a dream we were running from
Some blazing arrows yesterday
You said, "Fight fire with fire
Through desire,
Through your desire."

Now the city blacks out the sun
That you know is rising
You can show me the work that you've done
Your fears have been disguising
Is it just me or is everyone
Hiding out between the lines
What will we be when we come undone
Just a simple meeting of the minds?
And we'll fight fire with fire
Through desire, 
Through your desire


Underneath your skies
There's a million lights
Burning brightly just like fireflies
It's cold and heaven surrounds you from every direction
'Cause there's someone behind every hand
That you've made a connection
And now we're free to be number one
The morning isn't far away
I had a dream we were holding on
And tomorrow has become today, 
And we'll fight fire with fire
Through desire, 
Through your desire


Há alturas em que temos que arranjar forma de reagir contra o que o mundo nos manda. O novo exito dos renovados e renascidos Scissor Sisters parece-me ser um grande hino à resistência. Vive la Resistence!

terça-feira, julho 27, 2010

Olisipo nas Caldas


O Verão já vai longo (e quente) e a minha temporada termina nesta Sexta-feira com um concerto particularmente compensador. À imagem do que fiz há precisamente um ano irei juntar-me à minha querida Luiza Gama Santos para realizar um concerto cujas receitas reverterão em favor do Banco Alimentar. Desta vez estarei com o Grupo Vocal Olisipo e interpretaremos um programa de Madrigais ingleses e de Lieder e quartetos de Brahms e Fauré.
Para todos os que possam e queiram estar presentes o concerto é Sexta dia 30 às 21.30 no CCC, Centro Cultural e de Congressos, nas Caldas da Rainha. Os que não puderem estar presentes podem ainda assim ir ao site do CCC e comprar um bilhete, já que vão estar a contribuir para uma grande causa.
Todos a ajudar e... Boas Férias!

Sucesso em Mafra


Apesar do calor extremo conseguimos ter casa cheia para o concerto da Missa em Dó Menor de Mozart em Mafra.
Confesso que numa obra tão maravilhosa e na qual o Barítono tem um papel tão pequeno me é muito difícil manter a concentração e não ficar apenas no papel de espectador. Ainda assim foi um concerto fantástico e um bom fim de temporada para o Coro de Câmara do IGL.
Os meus parabéns a todos (myself included, claro, nada de falsas modéstias)!

sexta-feira, julho 23, 2010

Glee Face


Para quem ainda não conhece a série de TV que é o meu (e certamente de muitas mais pessoas) maior guilty pleasure, Glee, não deve haver melhor forma de conhecê-la do que este vídeo. O clip junta outro dos meus prazeres proíbidos, Lady Gaga, numa reinterpretação de Poker Face pela estrela da série, Lea Michelle e a fantástica Idina Menzel, mais conhecida como actriz de teatro musical e a criadora do papel de Elphaba no musical Wicked.
Enjoy!

Missa em Dó menor


Quase no final da temporada, vou terminar quase como comecei, com a missa em dó menor de Mozart. Comigo estarão os Sopranos Sandra Medeiros e Elsa Cortez e o Tenor Fernando Guimarães, a Orquestra Sinfónica Juvenil e o (fantástico, como sempre) Coro de Câmara do Instituto Gregoriano, sob a direcção do maestro Christopher Bochmann.
O concerto é já no Domingo, dia 25, às 22.00 na Basílica de Mafra. Será um óptimo final de dia de Verão num belo cenário. 
Todos a Mafra!

Meninas finalistas!

















O excesso de trabalho tem, por vezes, compensações. Este ano a grande compensação foi poder ajudar três cantoras talentosas a fazer o seu exame final de Curso Secundário. 
Na realidade eu não estou gordo na foto, estou inchado de orgulho pelo trabalho fantástico que as três meninas fizeram ao longo dos últimos anos. Elas próprias não estão ofuscadas pelo sol, mas pelo brilho do seu futuro. 
Bem, piropos e metáforas palermas à parte, aqui ficam os meus parabéns e votos de uma excelente carreira!

terça-feira, julho 20, 2010

Que tal???

Já há uns anos que não havia mudanças gráficas neste espaço. Que tal vos parecem estas alterações? Valem certamente uns comentários...

Fairy Queen



 Apesar de algumas semanas passadas, durante as quais estive ocupado com os procedimentos de encerramento do ano lectivo, aqui ficam algumas fotos da divertida produção do Sonho de uma Noite de Verão do Teatro Praga no CCB, na qual participei na interpretação da Fairy Queen de Purcell.
Para quem não pòde estar presente fica aqui uma ideia do ambiente que se viveu!

quarta-feira, junho 23, 2010

Sonho de uma Noite de Verão

O Verão está aí, e que melhor forma de comemorar a chegada do bom tempo do que com boa música. Assim, estarei no CCB com o Grupo Vocal Olisipo e os Músicos do Tejo para interpretar a semi-ópera The Fairy Queen  de Henry Purcell.
Melhor do que isto, a obra será interpretada no seu contexto original, ou seja, inserida na peça Sonho de uma Noite de Verão de William Shakespeare, que será interpretada pela Companhia de Teatro Praga.
Para todos os interessados, os espectáculos serão nos próximos dias 3 e 4 de Julho pelas 21.00 no Grande Auditório do CCB. Até lá!

sexta-feira, junho 18, 2010

It's alive!!!!

É verdade, estou vivo e o Belogue também! Quero apenas tranquilizar os seguidores (mais ou menos) assíduos de que o espaço ainda existe. Depois de algumas mensagens e telefonemas achei por bem dar sinais de vida.
A verdade é que com o final do ano lectivo, um problema informático recente e a exaustão acumulada tenho andado afastado dos computadores. Mas nada a temer, voltarei à regularidade assim que o tempo e as actividades musicais o permitam.
E mais importante ainda, Facebook didn't kill the blog star!!! At least not yet...
Até breve...

sábado, maio 22, 2010

Concerto nos Jerónimos

Amanhã, Domingo dia 23 pelas 17.30 estarei no Mosteiro dos Jerónimos, participando no concerto inaugural do ciclo de concertos de órgão organizado pelo Mosteiro e que durará até ao final do ano. O (relativamente) novo órgão dos Jerónimos é um instrumento com possibilidades sonoras extraordinárias e que reserva algumas surpresas para quem assistir ao concerto. Num concerto de órgão assegurado com a competência habitual pelo meu amigo António Esteireiro irei cantar o ciclo Les Angelus de Vièrne e duas canções sacras de Hugo Wolf em arranjos de Max Reger. Mesmo com as dificuldades acústicas associadas a um espaço como os Jerónimos é um programa lindíssimo e que vale a pena ser ouvido num local como os Jerónimos. Espero ver caras amigas em Belém amanhã. 
Até lá!

segunda-feira, maio 17, 2010

Já está!

Parece que foi desta! O Presidente engoliu o sapo, fazendo grande alarde do que lhe custou, mas com isso podemos nós bem. A argumentação de que há outros problemas mais importantes será sempre verdadeira e o facto de que a falta de igualdade só afecta uma minoria é fácil de encaixar quando não se pertence a essa mesma minoria.
Igualdade é igualdade e pronto!

sexta-feira, maio 14, 2010

La Nave Va em Torres Vedras

Depois de apenas uma semana que pareceram vários meses estarei de volta à região Oeste, desta vez em Torres Vedras, onde estarei com os meus amigos do Ensemble La Nave Va, António Carrilho, Edoardo Sbaffi e Jenny Silvestre (comigo na foto fazendo figuras tristes). O programa é dedicado aos 200 anos das Linhas de Torres e tem obras de vários autores da época, incluindo várias modinhas luso-brasileiras.
Para quem estiver pela zona, o concerto é às 21.30 no Museu de Torres Vedras. Até lá!

quinta-feira, maio 13, 2010

Olisipo em Alcobaça


Num fim de tarde de grande stress e correria desloquei-me com o Grupo Vocal Olisipo ao Mosteiro de Alcobaça. O stress foi causado pelo complicado trânsito de Sexta-feira à saída de Lisboa, agravado pela chuva, mas felizmente conseguimos chegar a tempo (in the nick of time, para o ensaio, mas mais que a tempo para a chegada do público). 
Em Alcobaça cantámos para o Presidente da República e a Primeira Dama que se encontravam de visita à Região Oeste. A eles juntou-se a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que marcou a ocasião com a sua habitual elegância e simpatia. É um prazer ter a consciência de estar a cantar para uma Ministra que aprecia e conhece a música que está a ouvir.
Enfim, uma óptima ocasião de cantar boa música para um público ilustre, não só de grandes figuras políticas mas também o das largas centenas de pessoas que encheram o Mosteiro. Uma noite bem passada!

quarta-feira, maio 05, 2010

Olisipo em Alcobaça

Nesta Sexta-feira, dia 7, às 21.00 estarei com o Grupo Vocal Olisipo de volta ao Mosteiro de Alcobaça. Iremos participar num concerto no âmbito do programa presidencial Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras e teremos a oportunidade e a honra de cantar para o Presidente da República.
O nosso programa terá peças de Francisco Martins e o concerto terá entrada livre, pelo que todos os amigos da região Oeste estão convidados a estar presentes. Até lá!

Crítica no Público


Pedro Amaral no labirinto dos sonhos


Em 1913 Fernando Pessoa transformou Salomé numa personagem que cria a realidade através do sonho. Na sua primeira ópera, Pedro Amaral transforma a mítica figura bíblica num espelho dos heterónimos do poeta. Depois da estreia mundial em Londres, a ópera O Sonho sobe hoje ao palco do Grande Auditório Gulbenkian. Por Cristina Fernandes, em Londres
Sobre um tapete vermelho e um despojado fundo azul movem-se harmoniosamente três figuras femininas vestidas de branco mergulhadas numa luz diáfana. Representam Salomé e as suas Aias, mas também desdobramentos da lendária figura bíblica cujo canto se entrelaça na voz de três sopranos: Carla Caramujo, Ângela Alves e Sara Braga Simões. São figuras que sonham, mas que também foram sonhadas, primeiro por Fernando Pessoa e um século depois pelo compositor e maestro Pedro Amaral e pela encenadora Fernanda Lapa. Fernando Pessoa e os seus heterónimos também vigiam O Sonho, surgindo logo no início, de livro na mão, no palco londrino do Robin Howard Dance Theatre, mais conhecido como The Place, onde foi estreada no passado dia 25 de Abril a primeira ópera de Pedro Amaral.

Hoje, às 19h00, a obra apresenta-se pela primeira vez em Lisboa, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, responsável pela encomenda, associando-se à sua delegação do Reino Unido. Além das três sopranos, dão vida a O Sonho três barítonos (Jorge Vaz de Carvalho, Mário Redondo e Armando Possante), um actor (Otelo Lapa) e a London Sinfonietta, agrupamento de referência na área da música contemporânea, que tem colaborado várias vezes com Pedro Amaral e que gravou em 2007 um CD com música do compositor português.

A acuidade técnica e a expressividade da London Sinfonietta, sob a batuta do próprio compositor, foram pilares essenciais do êxito da performance numa partitura com uma escrita instrumental muito minuciosa, refinada e exigente e uma identidade tímbrica fora do vulgar (a instrumentação inclui cinco violoncelos, contrabaixo, três flautas, duas partes de trompa tocadas por quatro instrumentistas, harpa e uma grande variedade de instrumentos de percussão) que vai estabelecendo relações estreitas com a dramaturgia.

The Place, uma sala de espectáculos que está a festejar 40 anos e tem um percurso ligado sobretudo à dança contemporânea, não encheu totalmente para uma estreia pouco divulgada na imprensa londrina, mas teve sentado na plateia o maestro e compositor húngaro Peter Eötvös, com quem Pedro Amaral estudou direcção de orquestra. "É uma honra e uma emoção saber que ele vem", confessou o compositor horas antes da estreia.

Escrita virtuosa

A paixão do compositor português de 38 anos por Fernando Pessoa é antiga. "É um longo namoro. Na minha adolescência lia muito os seus textos, não só para mim mas também em público. Fiz muitos recitais de poesia, pois até determinada idade conciliei a música com a prática do teatro amador. Reunir essa parte de mim ao músico profissional era mais ou menos inevitável", explicou ao P2.

Para Pedro Amaral, Fernando Pessoa é um dos expoentes máximos da arte no século XX, "ao nível de Joyce e de Kandinsky." A versão de Salomé atraiu-o porque o poeta "reinterpreta de forma miraculosa e inovadora a história bíblica" e porque faz dessa reinterpretação "um espelho autobiográfico". Salomé divide-se em várias pessoas pelo que o compositor resolveu usar três cantoras de vozes semelhantes. A certa altura, já não se sabe quem canta o quê e cada uma delas assume sucessivamente a voz da protagonista. A escrita vocal tem longos melismas que se misturam e grande exploração do registo agudo. É uma escrita virtuosística e tecnicamente ambiciosa, que Carla Caramujo, Ângela Alves e Sara Braga Simões defenderam muito bem. As três cantoras actuam praticamente sem descanso e têm ainda de decorar as inúmeras marcações da depurada encenação de Fernanda Lapa, que quase criou uma coreografia para este Sonho. Agem como personagem colectiva num mundo onírico e simbolista, referência estética fundamental no teatro de Pessoa, lembrando por vezes as Três Graças.

A Salomé de Pessoa é a história de uma labirinto de sonhos. A protagonista é uma imagem sonhada, que, por sua vez, sonha com outra personagem: a de São João Baptista. Este último é um profeta que sonha com Deus. Só perto do final Salomé descobre que o seu sonho se transformou em realidade e é aí que seduz o Capitão da Guarda para matar o escravo que lhe trouxe a cabeça do bandido (que era, afinal, a de um santo) numa cintilante bandeja dourada.

"Num certo sentido, Pessoa é um João Baptista, é uma cabeça que só consegue viver em sonho. Essa reinterpretação do mito à imagem do poeta é fascinante como ponto de partida para uma peça de teatro musical", diz Pedro Amaral. O facto de ser um texto inacabado, um pouco como foi o Woyzeck de Georg Büchner para o compositorAlban Berg, foi uma vantagem, já que assim há maior liberdade. "Por exemplo, a liberdade de incluir um fragmento manuscrito que Pessoa não dactilografou e deixou na sua arca", refere o compositor. Teresa Rita Lopes tinha criado uma montagem dos fragmentos deSalomé e de outros textos dramáticos de Pessoa em 1977, mas Pedro Amaral preferiu fazer a sua própria ordenação.

"Desde o princípio sabia que o texto era desequilibrado. Tem um grande monólogo e depois um enorme trio entre essas três sonhadoras, que são como as veladoras de O Marinheiro, outra peça de Pessoa. Segue-se depois uma acção muito concentrada", explica Amaral, que se serviu do monólogo e do trio como "aquilo a que o Umberto Eco chamou uma temporização" até chegar à parte em que o escravo que desmente Salomé vai ser morto. Esse desequilíbrio patente no texto sente-se inevitavelmente na música. Em mais de metade da ópera, a acção é sobretudo interior e acompanhada por uma linguagem musical mais hermética. Mas nas cenas finais dá-se uma revelação. Há uma explosão de gestos dramáticos no próprio discurso musical e de cores tímbricas, às quais a sonoridade calorosa dos violoncelos que acompanham Herodes (nesta peça o pai de Salomé e não o padrasto) dá um contributo envolvente de grande lirismo. A escrita vocal de Herodes (numa exemplar prestação de Jorge Vaz de Carvalho) é de uma grande clareza, assim como as do Capitão (Mário Redondo) e do Escravo (Armando Possante), contrastando com as linhas sinuosas das Salomés.

Como um sismógrafo

"Para cada pequena ondulação dramatúrgica na palavra, a música tem de ser como um sismógrafo ultra-sensível. Caso contrário, seria uma música arenosa e eu não queria isso de todo", explica Pedro Amaral. "No realismo do pai de Salomé e do Capitão é necessário que o texto seja claro. São diálogos rápidos e de carácter oral. As deambulações de Salomé sobre o sonho não precisam de ser sempre inteligíveis, são uma aura de palavras na qual penetramos com maior ou menor lucidez", acrescenta.

"O próprio texto tem uma sonoridade particular, que tem de ser recriada. Sempre me surpreendeu como é possível ter textos tão diferentes e usar uma orquestra igual. No século XX, com a panóplia de combinações que existe não faz sentido usar uma orquestra-padrão", diz Pedro Amaral. "A nível instrumental, o mundo de Salomé é um mundo cintilante, dado por uma série de percussões e pela harpa. Quando Salomé se divide em três, há três flautas que são como que a sua sombra."

O compositor explica que, durante a primeira parte da ópera, os cinco violoncelos e o contrabaixo fornecem a estabilidade do contexto harmónico no qual se inscreve todo o monólogo de Salomé e depois o trio. Mais tarde esses instrumentos vão constituir o tecido instrumental de Herodes. As trompas têm também um significado especial. "Uma parte da minha formação como músico foi feita em França. Em francês, trompa diz-se cor, pronunciando-se da mesma maneira que corp (corpo). Quando associadas a Salomé, as trompas nunca são identificáveis como tal, são corpos dos quais se sente a alma mas não se sente a materialidade." Mais tarde as trompas assumem também uma função associada à destruição. "Quando manda matar o escravo, o Capitão tem trompas a acompanhar. Como se fosse música a cair por ali abaixo. É algo que se vai partir em pedaços e aí ouve-se o corpo, um corpo que vai morrer."

Pedro Amaral, que estudou com Lopes-Graça e Emmanuel Nunes e foi depois assistente de Stockhausen, acha que se vive um momento privilegiado para a composição de ópera. "Nos anos 50 havia uma necessidade de depuração da linguagem inconciliável com a necessidade dramática. Mas assim que se ultrapassou essa época de laboratório os compositores começaram logo a experimentar formas teatrais. Vejam-se os casos de Stockhausen, Nono, Berio, Ligeti... Hoje temos uma linguagem muito mais maleável que nos dá elasticidade para fazer desta maneira ou daquela."

Pedro Amaral gostaria de continuar a trabalhar o universo de Fernando Pessoa. "Talvez venha a reduzir algumas partes e faça de O Sonho o segundo acto de uma ópera completa. O primeiro e o terceiro seriam sobre Pessoa e os seus heterónimos, a partir de algumas partes do Fausto [de Pessoa] que são teatralmente muito dinâmicas. Haveria assim um primeiro e terceiro actos mais teatrais e um segundo acto onde Pessoa e os heterónimos se sentam para assistir ao sonho de Salomé."

O P2 viajou a convite da Fundação Gulbenkian

segunda-feira, maio 03, 2010

O Sonho

Estreia hoje. A não perder. Todos à Gulbenkian! Eu cá vou dormir, e sonhar...

sexta-feira, abril 30, 2010

Crítica inglesa


The London Sinfonietta premiered Pedro Amaral's chamber opera O Sonho last night at London's Robin Howard Dance Theatre. It's based on an unfinished play by Fernando Pessoa, the eccentric genius of Portuguese literature (pictured here).  Pessoa's whole life was an art form. He's the Edgard Varèse of literature, pioneering new ways of interpreting reality and identity (see more here)

Dreams exist for a purpose. They mean something, but by their very nature, they don't follow the rules of reason. Yet what is reason? Many cultures use dream as altered reality. As Pessoa shows, it's possible to use dream creatively.

Amaral's approach is robust. His music is highly dramatic, full of assertive character, very much an active protagonist. The English translation is projected onto a backdrop, as if it's materialized straight off Pessoa's ancient typewriter, another invisible "person" operating in another dimension. Still, as in a dream, specific words don't matter so much as the overall emotional impact.

Pessoa (Jorge Vaz de Carvalho) appears. Like a master of ceremonies, he opens the show with the provocative words "I see before me, in the transparent but real space of dream, the faces  and gestures of Caeiro, Ricardo Reis and Alvaro de Campos" (the personalities through which his work was channelled). They flank him, dressed like him but clearly "not" him.

Salome is a role in a play Pessoa's writing, but now she comes alive. Carla Caramujo is a force of nature, her voice adding nuance and individuality to what she sings even if the words don't make much sense. She lives in an enhanced dream state. It's a mystery to her why she's asked for something so gruesome as the head of St John The Baptist, whom she recognizes as a kind of soulmate, for prophets dream of things that have not yet happened.  But is the head she sees (we have to imagine it) that of the saint or a common criminal? Salome's never quite sure,  and that conflict is the essence of her dilemma.

Amaral's  unusual choice of instruments integrates the ideas in the play into the music. He calls it "dédoublement", because this is more than simple shadowing. A disproportionately large number of celli, which in theory might seem unbalanced, but in practice, works beautifully. They are  led by the harp, deepened by double bass, xylophone and marimba. This is Salome's music, shimmering and sensual, but with a strong basic pulse in the harp ((Helen Tunstall). Three flutes add a distinctive second "personality" - some very inventive passages there that might be developed in future works, perhaps. Amaral is still in his 30's but O Sonho is a surprisingly mature, assertive work.  The subject matter may confuse on first hearing, but once you make the conceptual leap that meaning is "beyond" words, the music speaks for itself. One particularly well written passage interplayed conventional singing with long, wordless ululation. It was mysterious, like dream, yet also evoked a sense of the desert that surrounds Salome, where horizons dissolve in haze, and the sands constantly shift their shape.

Amaral's music is very distinctive. It's hard to describe him in terms of others because he sounds so much himself. O Sonho really deserves to be heard again, better publicised and in a bigger hall.  The staging, by Fernanda Lapa, is excellent too, showing how much can be done with minimal resources if the person directing knows what the opera is about.  The whole cast, singing and non singing, on stage and off,  seem passionately committed: this really feels like tight ensemble work.

The Gulbenkian Foundation was created by the Gulbenkian family who were genuine art lovers.  They could have made an impact in anywhere in Europe, but chose Lisbon, where the ambience fitted their cultivated, individualistic values. The Gulbenkians would be proud of what the Foundation does to promote works like O Sonho, iconoclastic but creative and very distinctive.

quinta-feira, abril 29, 2010

Mais Sonho


Agora que se aproxima a estreia no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, aqui ficam mais umas fotos minhas acompanhado pelas Salomés, Carla, Sara e Ângela, e o meu algoz, Mário.
Para quem quiser ver ao vivo é só ir à Gulbenkian na Segunda-feira e ver a primeira ópera portuguesa encenada encomendada pela Fundação nos últimos 30 anos. Até lá!

terça-feira, abril 27, 2010

O Sonho

Regressado de Londres, toda a viagem foi tão rápida que efectivamente já parece um sonho. Entre todos os sustos causados pelo vulcão de nome impronunciável e o stress de última hora associado à estreia de qualquer produção, sobretudo uma dividida por dois países, valeu-nos o grande profissionalismo e simpatia de todos os envolvidos. Tendo já passado pela preparação de papeis de ópera neste tipo de linguagem, sei bem  a dificuldade por que passaram as minhas colegas de elenco, todas com papeis muito maiores que o meu. Ainda assim, foi sempre um prazer estar com elas, ver o seu altíssimo nível de desempenho e a boa disposição com que sempre estiveram nos ensaios. Em suma, grandes cantoras e grandes colegas e boas amigas (sem desprimor para os homens e para toda a equipa de produção). 
Para quem quiser ver o resultado final, é só ir ao Grande Auditório da Fundação Gulbenkian na próxima Segunda-feira às 21.00. 

segunda-feira, abril 12, 2010

Messiah





Enquanto passeava pelo youtube encontrei este video do concerto de há duas semanas com o Messias. Teci todos os louvores ao trabalho do Coral Sinfónico e da Saraswati na altura, mas creio que este vídeo consegue captar a emoção que se viveu na tarde do concerto. É sempre bom quando a alegria de fazer música se sobrepõe a tudo o resto e, como constatámos na altura, poucos compositores conseguem transmitir alegria como os do barroco. Uma boa recordação de um belo concerto com colegas extraordinários!

Jeremias Fisher - A História do Menino Peixe


É já no próximo fim-de-semana que o menino peixe vai nadar até ao Porto, onde a comovente história será apresentada no Auditório Carlos Alberto, numa produção do Teatro Nacional de S. João.
Para minha grande pena, desta vez não poderei estar presente, já que estou na última semana de ensaios para O Sonho, e terei que abandonar os colegas de elenco e produção, incluindo os meus queridos "meninos do coro" que fizeram um trabalho notável no CCB. O papel do médico será assegurado, de forma competentíssima sem dúvida, pelo Jorge Martins. Eu fico pela capital, envolvido noutro Sonho, mas com o pensamento no Norte. Para quem não pôde estar no CCB em Janeiro ou quiser um pequeno aperitivo para o Porto, aqui fica!

sexta-feira, abril 09, 2010

O Sonho

Começou a fase final de ensaios da fascinante ópera O Sonho de Pedro Amaral. Baseada num texto dramático inacabado de Fernando Pessoa, a história é uma reinvenção da história de Salomé. Para mim é uma oportunidade extraordinária de participar na criação de uma obra fantástica, com uma excelente equipa. A encenação está a cargo de Fernanda Lapa e a orquestra London Sinfonietta será dirigida pelo próprio compositor. O papel de Salomé será interpretado pelo Soprano Carla Caramujo e as suas aias, que na realidade dividem com ela o papel, sendo quase alter-egos da própria Salomé, por Ângela Alves e Sara Braga Simões. O elenco completa-se com três Barítonos, Jorge Vaz de Carvalho no papel de Herode, Mário Redondo como Capitão e eu próprio como Escravo. Só pelos nomes que já mencionei, dá para compreender que o nome da ópera está muito bem atribuído, já que é realmente uma oportunidade de sonho para mim. 
A estreia será em Londres, no auditório The Place no próximo dia 25 de Abril, mas para quem está por terras lusas há sempre a possibilidade de a ouvir no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian no dia 3 de Maio às 21.00. Para saber mais pormenores e conhecer mais sobre a visão do compositor, meu antigo colega do Instituto Gregoriano transformado num dos grandes compositores da sua geração, é só ir aqui à newsletter da Fundação.

Two down, one to go...

Passada a aprovação no Parlamento e o parecer favorável do Tribunal Constitucional (Duh!) estamos apenas a um passo da legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. Faltam apenas duas semanas para saber se o Presidente da República vai promulgar a lei. De uma forma bastante simbólica a data limite para uma decisão será o dia 25 de Abril. Será que este ano passaremos a poder celebrar um novo nível de liberdade nesse dia? Só tenho pena de não poder estar nas manifestações se for esse o caso, já que não vou estar em Portugal.
Apesar das vozes dos Velhos (e velhas...) do Restelo, o progresso é inevitável e o Casamento será acessível a todos~mais cedo ou mais tarde. Será para já?...