sábado, julho 18, 2009

Até os X-men...














Uma das franchises mais lucrativas e reconhecidas da BD norte-americana, sobretudo depois dos quatro filmes de sucesso sempre foi marcada pela sua atitude gay-friendly. Os paralelismos entre a luta dos mutantes e a da comunidade gay sempre foi evidente, sobretudo depois do relançar da série nos anos '70 pelo escritor Chris Claremont.
As tentativas de inserção num mundo que os persegue e odeia, muitas vezes através da supressão das suas características individuais para passarem despercebidos. A revelação dos poderes mutantes na adolescência e os problemas subsequentes. A ameaça de futuros distópicos nos quais todos os mutantes são perseguidos, aprisionados em campos e mortos. A ameaça da criação de bases de dados nacionais que registem os mutantes e permitam eliminar os seus direitos sociais. As tentativas de "cura" de algo que é uma condição genética e não uma doença. A luta por direitos iguais na sociedade. O aparecimento de um virus, o legacy virus que inicialmente afectava apenas mutantes e que depo
is se espalhou para a população em geral, matando algumas das personagens principais. Os paralelismos são inúmeros e, penso eu, bastante evidentes. Esta identificação com minorias oprimidas é uma das fontes de sucesso da série e, apesar da proibição editorial de ter personagens abertamente gay, transparece das páginas sem deixar dúvidas ao leitor.
Recentemente uma alteração no status quo dos X-Men veio reforçar esta ligação, com a mudança de cenário da série, passando a base de operações da equipa para a costa oeste dos Estados Unidos, para a mais gay-friendly das cidades, São Francisco. A razão apresentada para esta mudança é precisamente a da tolerância demonstrada pela cidade para com as várias minorias.














Este ano viu também o regresso á equipa da personagem Northstar, assumidamente homossexual. Apesar de ser considerado gay pelos seus criadores desde os anos '70, só nos '90 houve autorização editorial para explicitar esta situação. Ainda assim, esta menção isolada da sexualidade da personagem não seria repetida até recentemente, sendo agora precisamente a razão apresentada para o seu regresso, sendo uma indicação para todos da mensagem de tolerância e integração dos X-Men e também uma forma de ajudar alguns dos jovens da série a conviver com as suas particularidade individuais, sexuais ou de outro tipo.












Este mês apresenta um dos primeiros beijos entre dois homens num comic. Em X-Factor, duas das personagens, Rictor e Shatterstar, resolvem finalmente uma relação insinuada há cerca de 20 anos. Segundo o autor, Peter David, havia três hipóteses para a história, continuar a ser tímido, contradizer o que já tinha sido preparado ou seguir com o que a história pedia. À luz das questões actuais, pareceu ao autor que só havia uma escolha. Para além disso, o autor afirma que já tinha dado um grande momento romântico aos fãs heterossexuais há alguns meses e que agora era a vez dos homossexuais, que não merecem menos.


Pois é, parece-me que os homofóbicos já nem se podem refugiar na ficção.

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